segunda-feira, agosto 02, 2010

Uma estória feliz.... Tentativa de conto


Ela era a sua menina de papel, conheceram-se no meio de uma tempestade, enquanto o mar estava revolto e os barcos se afundavam, ele viu-a ao longe, alumiando o caminho até a praia onde estava e ele do seu barco atirou-se às ondas sem qualquer tipo de receio.
Beijaram-se e ainda nem se tinham tocado, mas ele já sentira o cheiro dela, ele já a amava e mal chegou até ela, ela segredou-lhe baixinho ao ouvido:
Convida-me para dançar!
Os dois rodopiaram na areia molhada e dançaram, uma dança primitiva e sorriam, olhavam-se nos olhos prometendo que aquela noite seria eterna.
Ela beijava-lhe o rosto e pedia-lhe:
Tira-me daqui, leva-me em mil viagens!
Todos os seus pedidos eram para ele uma ordem, até que ele lhe disse:
Minha querida és a minha menina de papel e em ti vou escrever todas as palavras!
Ela sorriu e fugiu, chamando-o até si.
Naquela noite foram eternos, beijaram-se e entregaram-se um ao outro.
Eles eram mágicos e tudo se transformava em luz, fizeram com que a chuva parasse, o tempo desaparecesse, e com ele o espaço, as leis e a razão.
O rosto deles era incerto e ela antecipava os dedos sobre o seu ombro, estremecendo na certeza de um amor que lhe sabia a casa, ela queria-o há tanto tempo, era ele que a visitava nos seus sonhos e acalmava durante a noite
Sabes uma coisa? Ficas lindo quando ris assim como uma criança!
Ele corou e sem saber o que dizer, escreveu-lhe no vestido de papel

“Porque guardas na pele,
O sal, o beijo, palavras a inventar,
Indicas-me a terra do nunca,
Esse lugar onde me posso entregar,
Por que me mostras a palavra
Que inventaste para nós”

Ela saboreava o sabor a mar na boca dele, queria mais e mais, ele era a vida, o sonho, tudo o que lhe tinham negado e enquanto se despia para ele sentia que o mar, a lua e a chuva se tinham afastado para os deixar a sós.
Ele beijou-a novamente e a boca dele sabia a margaridas brancas banhadas pelo sol, a seguir beijou-lhe o ombro despido e abraçou-a, ele chorou por a ter ali, perfeita como só ela o poderia ser.

Menina de papel aceitas ser minha?
Aceito, aceito, és lindo perfeito, aceito!

Os dois voltaram a dançar e entregaram-se um ao outro, escrevendo tudo o que lhes apetecia naquele vestido de papel.
Os dias passaram, com eles as semanas, os meses e os anos, até que numa noite, enquanto os seus corpos se transmutavam novamente em ondas e eram um do outro, amando-se em mais uma noite igual à primeira, uma onda passou pelo vestido de papel, apagando tudo o que lá tinha sido escrito.
Ela assustada, pegou no vestido, e começou a chorar por todo passado assim apagado por uma onda que não tinha sido convidada, debruçou-se os seus longos cabelos compridos e pretos criavam o quadro mais bonito que já se poderia ter visto e o rapaz que agora já era um homem começou a rir como uma criança.

Porque te ris querido, está tudo estragado, o vestido, as palavras, todos os nossos sonhos, o nosso passado, o nosso mundo de palavras.
Querida assim temos mais uma oportunidade para começarmos tudo de novo e acredita que a viagem vai valer sempre a pena, se a fizer ao teu lado…

Ele pegou-lhe pela mão, deu-lhe um beijo e pegando-a ao colo saíram os dois da praia, sabendo que o amanhã seria apenas mais um dia a inventar na sua história.

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