segunda-feira, agosto 23, 2010

A festa



Tenho uma festa popular dentro do meu coração
cheia de pessoas
sorrisos, gargalhadas, e gritos,
bancadas de bric-a-brac,
farturas e e churros, ao fundo ouve-se música
e danço, salto e rodopio, levo-te pela mão
carrego-te no coração
Nesta festa, o santo está quase a sair
da igreja rumo às ruas, rumo a ti para te ver e saudar,
os bombos batem, a um ritmo coordenado,
são as batidas do meu peito quando te sentem,
qualquer festa é em Agosto, esta é o ano inteiro
todos os dias, todas as horas,
tudo por que contigo tenho alegria dentro do meu coração
e não há como parar
esta doce procissão.

segunda-feira, agosto 16, 2010

Das férias

podia escrever mil posts, deambular entre palavras, sobre a forma como a luz do verão bate na tua pele morena,e o vento que vem leve brinca nos teus cabelos, como é salgado o teu sabor depois de cada mergulho, como as tuas gargalhadas brilham no ar como pirilampos, poderia escrever sobre tudo isto, mas basta-me sorrir para ti e saber que está tudo dito. Estou feliz...

quinta-feira, agosto 05, 2010

E as ferias são oficiais


A trilha começa
Um passo, depois outro
Começa a viagem
Rumo ao oriente de mim
Ao norte do mundo
E nessa linha de comboio
Cheiro o que há a descobrir.
Mil flores, e o teu corpo
à flor da pele.
À nossa espera
Um oceano de sonhos
Quando te vir
Quando contigo embalar!
É tudo estranho
Terra a ser feita
No verão
Corpo em locomoção...
Abro o sorriso e sigo a viagem à tua boleia...

O verão


O sol estaciona à minha porta
Traz-me calor, a praia e
Um vento ligeiro para saborear
casas abertas de par em par
Onde posso matar saudades
Deste tempo
Em que no ar
Tudo é perfume de ti.
O sol traz-me essa bebida
Fresca com sabor a hortelã.
é este o teu perfume
E só agora consegui explicar.

Aqui não há censura editorial


Tudo nela é chique,
A maneira que fala,
Como pega a chávena
E olha para mim
De forma sobranceira,
Tudo nessa menina
É de boneca de porcelana,
Como aquela que eu vi um dia
Em Paris
É chique,
Da ponta do nariz
À maneira como fode...

terça-feira, agosto 03, 2010

Um desastre chamado Maria

Todos os dias ela cantava a canção
"Ela tinha uma amiga chamada Maria"
e a Maria sonhava, dançava, rodopiava,
sabia que no fim de tantos anos
alguém iria reparar, e esse alguém ia achar
que esta Maria era uma estrela,
mas os anos passavam a uma velocidade
de velocímetro avariado, dos 0 aos 100
em menos de segundos
e este era um desastre chamado Maria.
Conta a estória que não sabia ler,
não sabia escrever
e a ela tudo eram tropelias
serviu numa loja, limpou casas, escadas,
sanitas, marmitas, e pratos,
limpou os filhos, o marido
até que este se consideou como perdido,
ela tudo ensaiou e em nada brilhou.
Não sabia estacionar, o carro incomodava.
Raio do empecilho, comprado pelo filho,
ela tropeçava, não sabia arrancar
não sabia parar e batia.
O desastre continua, bastava subir a rua.
Cozinhar era um inferno, confundia o mel com o fel,
Sal, pimenta, açucar, tudo lhe metia confusão
trocava-os sem óculos e com eles
na certeza do que fazia enganava-se outra vez.
partiu is pés, arrancou unhas, queimou-se
e alarmou-se. Dizem que nunhum grito se ouviu.
Com a roupa a mesma coisa, as camisolas perdiam-se pelas mãos
os sapatos trocavam.se pelos pés
e nem sabia contar até dez.
Era o gato que ladrava, a cadela estrangulada.
Do primeiro filho nem sabe como engravidou
a filha violada
e nunca se sentiu amada,
Deixou passar os dias, as noites, sempre na esperança
que alguém a chamasse à dança
e ela ia à igreja, rezava e penava,
deixava-se ficar à janela, na esperança que não caísse
mais nenhum vaso na sua cabeça
e deixou ao lume a comida, o telefone a tocar,
o radio a cantar, a televisão a chorar
e sem reparar no desastre da Maria
Acordou com o cheiro do coração a queimar...

She had a scarf

reminds me Old Jerusalem

You fill the life i know...

Tear


Não é com o corpo que te pego ao colo,
mas com a alma,
e sou do tamanho de mil homens
pedra,
abrigo,
um fio de noite em que te podes
vestir.

Embalo...



Dá um passo de cada vez
e depois de ensaiada a dança
dirige-te à porta,
põe a mão no puxador e roda,
como a saia do teu vestido.
Agora, abre a porta
E se puderes, ao sair, fecha,
não é difícil ensaiar o fim
quando o tempo corre
e como os telefones, que antes eram públicos
já não tenho mais moedas
que mantenham os teus impulsos.
Assim sendo
só falta acabar
com a história que nós fizemos arrastar,
pelos lençóis, numa troca de corpos
por que eu fui outras pessoas
e tu aquilo que eu inventei
entre pecados
e passos
no ensaio para o espectáculo final.
Temos que nos apressar,
no quarto ao lado
a água, já corre fria,
no banho a me limpar de ti…

segunda-feira, agosto 02, 2010

Fruta Verde


encontrei um fruto,
ainda verde
alguns chamavam-lhe maçã
outros pera,
mas o fruto era estranho
tinha a cor da tua pele
um sabor a mar
e na ansia
dos sabores estivais
trinquei-o!
Não tinha sementes
e a sua textura
fez-me recordar
a tua pele
a dançar na minha boca...

O video feito com base no conto... Prémio Nacional no concurso "Pensar os Afectos, Viver em Igualdade".

Malhas dos Afectos from Humberto Carvalho on Vimeo.

Uma estória feliz.... Tentativa de conto


Ela era a sua menina de papel, conheceram-se no meio de uma tempestade, enquanto o mar estava revolto e os barcos se afundavam, ele viu-a ao longe, alumiando o caminho até a praia onde estava e ele do seu barco atirou-se às ondas sem qualquer tipo de receio.
Beijaram-se e ainda nem se tinham tocado, mas ele já sentira o cheiro dela, ele já a amava e mal chegou até ela, ela segredou-lhe baixinho ao ouvido:
Convida-me para dançar!
Os dois rodopiaram na areia molhada e dançaram, uma dança primitiva e sorriam, olhavam-se nos olhos prometendo que aquela noite seria eterna.
Ela beijava-lhe o rosto e pedia-lhe:
Tira-me daqui, leva-me em mil viagens!
Todos os seus pedidos eram para ele uma ordem, até que ele lhe disse:
Minha querida és a minha menina de papel e em ti vou escrever todas as palavras!
Ela sorriu e fugiu, chamando-o até si.
Naquela noite foram eternos, beijaram-se e entregaram-se um ao outro.
Eles eram mágicos e tudo se transformava em luz, fizeram com que a chuva parasse, o tempo desaparecesse, e com ele o espaço, as leis e a razão.
O rosto deles era incerto e ela antecipava os dedos sobre o seu ombro, estremecendo na certeza de um amor que lhe sabia a casa, ela queria-o há tanto tempo, era ele que a visitava nos seus sonhos e acalmava durante a noite
Sabes uma coisa? Ficas lindo quando ris assim como uma criança!
Ele corou e sem saber o que dizer, escreveu-lhe no vestido de papel

“Porque guardas na pele,
O sal, o beijo, palavras a inventar,
Indicas-me a terra do nunca,
Esse lugar onde me posso entregar,
Por que me mostras a palavra
Que inventaste para nós”

Ela saboreava o sabor a mar na boca dele, queria mais e mais, ele era a vida, o sonho, tudo o que lhe tinham negado e enquanto se despia para ele sentia que o mar, a lua e a chuva se tinham afastado para os deixar a sós.
Ele beijou-a novamente e a boca dele sabia a margaridas brancas banhadas pelo sol, a seguir beijou-lhe o ombro despido e abraçou-a, ele chorou por a ter ali, perfeita como só ela o poderia ser.

Menina de papel aceitas ser minha?
Aceito, aceito, és lindo perfeito, aceito!

Os dois voltaram a dançar e entregaram-se um ao outro, escrevendo tudo o que lhes apetecia naquele vestido de papel.
Os dias passaram, com eles as semanas, os meses e os anos, até que numa noite, enquanto os seus corpos se transmutavam novamente em ondas e eram um do outro, amando-se em mais uma noite igual à primeira, uma onda passou pelo vestido de papel, apagando tudo o que lá tinha sido escrito.
Ela assustada, pegou no vestido, e começou a chorar por todo passado assim apagado por uma onda que não tinha sido convidada, debruçou-se os seus longos cabelos compridos e pretos criavam o quadro mais bonito que já se poderia ter visto e o rapaz que agora já era um homem começou a rir como uma criança.

Porque te ris querido, está tudo estragado, o vestido, as palavras, todos os nossos sonhos, o nosso passado, o nosso mundo de palavras.
Querida assim temos mais uma oportunidade para começarmos tudo de novo e acredita que a viagem vai valer sempre a pena, se a fizer ao teu lado…

Ele pegou-lhe pela mão, deu-lhe um beijo e pegando-a ao colo saíram os dois da praia, sabendo que o amanhã seria apenas mais um dia a inventar na sua história.

Gardem Party


Convidaste-me para uma garden party
disseste, assim, em inglês
no teu ar de menina chique,
e eu fui ter contigo, a uma tarde de verão.
No jardim, de relva fofa e verde,
uma manta na qual podíamos deitar
o piquenique não era de burgueses,
mas de amantes
onde tudo era fruta doce,
cerejas a abrir e beijos a despir
até que satisfeitos
reparamos que nos enganamos na estação do ano…
(Começou a chover e não trouxemos guarda-chuvas!)

Por vezes,,,

O vinho é bom, mas hidromel é mais rápido...

Modern Times


Não tenho qualquer sentido estético
não sou belo ou feio,
mas sim qualquer coisa de imperfeito
derivo entre peças
que me dizem quem sou.
Camisa aos quadrados, ou às riscas?
T-shirts e All-stars
ainda que no outro dia tenha comprado adidas
só para te ver feliz.

Uma rapariga entediada


- Não me peças poesia nas horas vagas!
Diz a rapariga incomodada
com bocejos inúteis.
- Não me peças nada, nem histórias
ou beijos, não insistas!
É que nas horas em que te abro as pernas
sou meretriz, hospedeira
de mil homens em mim.
Não peças poesia, isso de colar palavras
não me dá qualquer tesão
e não me lembro de um orgasmo contigo.
Diz a rapariga já ensonada
a mascar pastilha, como quem cola palavras.

No tempo do faz de conta...

Ela lia livros de amor
E enchia o céu de nicotina
Sonhava com Homens-pássaro
Mitos e utopias,
As palavras eram tatuadas
No corpo e ela ensaiava,
Frente ao espelho, aquele beijo
Que ia dar
A frase inteligente a usar
Quando ele se sentasse à beira dela
Ela lia demais
E não aprendeu a ser feliz...

Tim Buckley - Song to the Siren... a musica...

Uma musica melancolicamente doce...