terça-feira, julho 27, 2010

Da inspiração se diz...

Não te conheço, nem sei quem és, apareces a folhas soltas, nas margens dos livros que leio, quando distraído reparo que rabisco o teu perfil. É algo de inconsciente e anti-natura, estás cheia de demónios, medos e fobias, derivas entre pedaços de ti e às tantas já nem sabe quem és. tens algo que atrai e ao mesmo tempo me assusta, algo que não consigo descrever, a não ser o que me está no sangue. Esta tendência para o abismo. Aproximo-me de ti para me afastar do dia de ontem, invento, desenho e sonho só para não parar e sentir que algo dentro de mim ainda palpita, que existe magia, que algo de indescrítivel está quase a acontecer. Tens todo o ar de quem me pode roubar a alma e foder o coração, mas eu nunca aprendo e como se fosse Ulisses peço para que não me tapem os ouvidos e deixem-me ouvir o teu canto, para ver o que me podes dar, mesmo que nunca te venha a conhecer, apenas pairas nas margens dos livros que eu leio e que embalam as horas do sono... Aos poucos, num pedaço de mármore branca, esculpo o teu rosto, o teu corpo, e faço de ti uma nova musa a iluminar as noites do verão a chegar...

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