segunda-feira, janeiro 10, 2011

em jeito de reticências

por que há quem vá
e quem fique à espera,
pronto para a luta,
agarrado ao chão,
com pés de chumbo,
por que há quem venha
e há quem fique
encostado à sombra
para não ser notado,
há quem escreva
há quem desenhe
mas por agora há quem beije
e eu quero mais um,
por que os que deste
já foram dados,
e como a canção,
"ai eu gosto tanto, e só dois é pouco"
e agora que leio os poemas que os outros escrevem
eu sei que encontrei o lugar
onde o coração guardar
e posso retirar-me,
pendurar o casaco molhado,
descalçar-me
e no sofá do teu coração
seguir viagem...

O corpo

sim, sim
para lá do nevoeiro que se ergue entre os prédios,
para lá de toda a natureza,
para lá
da compreensão
ergue-se o teu corpo
à espera, como eu espero
do beijo que redime
as formas e as palavras,
que consente e comanda
corpo
despido
que espera
o tempo passar
até ser hora,
até ser mistura de mil horas
por que para lá desta sala fechada
eu sonho, eu crio
eu descrevo
o desejo
de quem te espera
e sabe o tempo certo até te voltar a encontrar.
Falta pouco,
falta muito
o tempo que falta estende-se
da minha mão até a tua,
vem cá,
anda rápido,
deixa-me segurar a certeza que és em mim,
como o sorriso,
como o beijo,
como o nariz
como tudo em ti
me torna mais sagrado
por que és tu que trazes a luz
ao corpo que como quarto se encontrava às escuras
perdido entre sombras e demónios,
por que és tu o anjo
que se eleva para lá do mundo,
para lá do nevoeiro
para lá da natureza humana que nos despe
e nos corrói no passar dos dias.
por que agora, em oração,
tu és o corpo, a alma, o sangue
que me lava
e liberta em mim um homem novo
a nascer para ti